Projeto de acadêmicos de arquitetura valoriza Capela São Cristóvão com foco em restauro e acessibilidade

Publicado em 11 de Agosto de 2025 às 14:49

Melhorias sugeridas buscam conciliar preservação cultural e uso inclusivo do local

Acadêmicas do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paranaense (Unipar), campus Francisco Beltrão, desenvolveram um projeto de diagnóstico e proposta de restauro da Capela São Cristóvão, localizada no Bairro Pinheirinho. A iniciativa fez parte da disciplina de Técnicas Retrospectivas e foi realizada pelas estudantes Ana Louise Almeida Sandri, Jéssica Vitória Souza Wronski e Maria Theodora Gonçalves Turozzi, sob orientação da professora Gilda Botão.

O trabalho teve como objetivo preservar as características originais da capela e respeitar os princípios do restauro arquitetônico, mas também propondo melhorias funcionais com soluções contemporâneas de paisagismo, iluminação e acessibilidade. As alunas fizeram levantamentos técnicos, análise de danos e visitas à capela e ao Memorial de Francisco Beltrão, onde encontraram registros históricos da Guarda São Cristóvão.

A Capela São Cristóvão é um marco da fé, da história e da união da comunidade de motoristas da região. Inaugurada em 1979, ela está diretamente ligada à trajetória da Associação dos Motoristas – Guarda São Cristóvão. Como parte do projeto, as alunas realizaram visitas técnicas à capela e ao Memorial de Francisco Beltrão, onde encontraram registros históricos relevantes para embasar as análises e propostas de intervenção.

Traços modernistas

Segundo a professora Gilda, a Capela São Cristóvão é de traços modernistas e apresenta volumetria e elementos formais característicos, ainda que construídos fora do auge do movimento. Fotografias da inauguração revelam mudanças ao longo do tempo, como pintura, revestimentos e adaptações pontuais.

Durante o estudo, as alunas identificaram danos causados por umidade, desgaste de materiais, vegetação indesejada e trincas estruturais. A proposta prevê intervenções discretas, como a requalificação do acesso frontal, nova iluminação direcionada, substituição de esquadrias que obstruem a imagem do santo, instalação de bancos em concreto e paisagismo no entorno imediato da capela, com plantas rasteira e elementos que favorecem a permanência no local.

De acordo com a acadêmica Ana Louise, a escolha da capela para o projeto se deu por suas características arquitetônicas diferenciadas em relação às demais do município. “Ela já apresentava elementos com mais linguagem arquitetônica, foi o que nos atraiu.” As estudantes também destacaram que parte do paisagismo ao fundo da capela já existia e foi preservado na proposta. As melhorias se concentraram no entorno da edificação, com retomada das cores originais identificadas por meio de fotos históricas.

Ana diz que a adoção e execução do projeto pela associação não está confirmada, mas o trabalho revela o potencial da arquitetura para dialogar com a história, promovendo a preservação do patrimônio cultural e religioso, sem abrir mão das necessidades contemporâneas da comunidade. “Nosso objetivo na universidade é desenvolver propostas viáveis, mesmo que nem todas sejam executadas. Ainda assim, contribuir com a valorização de um espaço tão simbólico para a cidade já é algo muito significativo”, destaca a estudante.

Histórico

A Guarda foi formada em 1960 com a missão de organizar o estacionamento e a segurança dos veículos durante a tradicional festa em homenagem a São Cristóvão. Inicialmente, sua sede e capela ficavam no Bairro São Cristóvão. Com o crescimento urbano e a pavimentação da nova rodovia entre Francisco Beltrão e Pato Branco, a associação adquiriu um novo terreno em 1972 no Bairro Pinheirinho, doado por José Ventura e posteriormente escriturado em nome da Mitra Diocesana de Palmas. A atual capela foi inaugurada em 1979, com projetos assinados pelo arquiteto Dalcy Salvatti e pelo engenheiro Valnei Ghedin.