Estudo do mestrado e doutorado da Unipar investiga o potencial do solo em captar carbono e fortalecer práticas agrícolas sustentáveis
O Programa de Pós-graduação em Mestrado e Doutorado em Biotecnologia Aplicado à Agricultura da Universidade Paranaense (Unipar), campus Sede em Umuarama, iniciou nesta safra de soja (entre setembro e outubro) uma pesquisa voltada a medir o sequestro de carbono em áreas produtivas. O estudo, desenvolvido em Assis Chateaubriand, município da região Oeste do Paraná, busca compreender a capacidade do solo de capturar e armazenar carbono, contribuindo para estratégias de mitigação das mudanças climáticas.
A pesquisa é coordenada pela professora doutora Maiara Kawana Aparecida Rezende e ocorre em um Latossolo Vermelho Eutroférrico (tipo de solo brasileiro caracterizado pela cor avermelhada) sob sistema de plantio direto. A docente explica que a investigação atende a demandas institucionais e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Segundo ela, “o sequestro de carbono é uma relevante estratégia de sustentabilidade, visando à mitigação das mudanças climáticas. Ele contribui para a melhoria da qualidade do solo, o aumento da produtividade agrícola e a redução da concentração de gases poluentes”, especialmente em um cenário de intensificação do aquecimento global.
Financiado pela Unipar, o projeto conta com a participação de mestrandos bolsistas da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Para a mestranda Ellen Blainski, que atua nas atividades de campo e laboratório, “o sequestro de carbono é um pilar indispensável na estratégia contra o aquecimento global, atuando como uma ferramenta complementar à redução de emissões. Nosso trabalho busca evidenciar o potencial dos sistemas agrícolas na captura de carbono, valorizando práticas sustentáveis”.
A metodologia inclui coletas de solo em quatro profundidades, 0 a 10cm, 10 a 20cm, 20 a 40cm e 40 a 60cm, com amostras deformadas e indeformadas. De acordo com a Maiara, trata-se de um processo que “exige muita resiliência da equipe”, já que as coletas em profundidade e as múltiplas repetições ampliam significativamente o número de amostras e o rigor técnico da operação.
Além do trabalho a campo, as amostras passarão por análises químicas para determinar o teor de carbono no solo e avaliar o potencial de sequestro no sistema produtivo. A pesquisadora destaca que o estudo considera quatro tratamentos experimentais e uma área testemunha, o que permite comparar diferentes condições e identificar quais práticas favorecem maior acúmulo de carbono. “O plantio direto tende a ser mais eficiente, e quantificar esse efeito é fundamental”, afirma.
Como a cultura da soja foi implantada recentemente, os dados preliminares ainda não estão disponíveis. As próximas etapas incluem o acompanhamento completo da safra, avaliações de produtividade e análises físico-químicas do solo. A professora adianta que “somente após o encerramento do ciclo será possível consolidar as informações e apresentar os resultados”.
Com foco científico e aplicação prática, o estudo reforça o papel da biotecnologia como aliada no enfrentamento das mudanças climáticas. “O sequestro de carbono na soja representa uma ligação essencial entre produtividade e sustentabilidade. Essa abordagem pode nortear novos projetos e colaborações no setor agrícola, consolidando a agricultura como uma aliada estratégica na luta contra as mudanças climáticas”, finaliza Maiara Rezende.
Última atualização em 25 de Novembro de 2025 às 09:04