Acadêmicas do curso de Nutrição, na Unipar em Cascavel, são estimuladas a pensarem em soluções criativas para desafios visualizados durante o estágio em merenda escolar
O estágio obrigatório é um dos requisitos para a formação completa de acadêmicos de diversos cursos superiores, seguindo uma determinação do Ministério da Educação, como na graduação de Nutrição. Na Universidade Paranaense (Unipar), essa etapa envolve, além da técnica, a criatividade.
No campus de Cascavel, as acadêmicas do 3° ano do curso – ofertado na modalidade semipresencial – participam do estágio “Saúde pública na merenda escolar”. A disciplina é realizada em instituições municipais, onde as acadêmicas são estimuladas a pensarem em soluções diferenciadas para diversas situações.
Um exemplo foi apresentado pela acadêmica do 3° ano Michele Carvalho Martins, ela explica que estava atuando com uma turma de 15 anos e, dois deles, não aceitam o lanche ofertado pela instituição onde estudam. “Contei para a turma a história da Luna, uma menina que não gostava de comer nada, mas que um dia sua mãe apareceu com lindos pãezinhos cor de rosa que lhe dariam poderes para toda a vida. Esses pãezinhos são feitos de batata inglesa e beterraba”.
A personagem foi criada pela acadêmica, já a receita foi adaptada a partir de uma que já era servida na escola. “Pensei em uma forma que pudesse ficar visualmente mais atrativa por conta da cor e que fosse mais nutritiva, sem glúten e sem lactose. Após ouvirem a história da Luna, todas as crianças provaram os pãezinhos e adoraram”.
Outro desafio notado durante o estágio é que, parte das crianças, não possuem acesso a uma variedade de frutas em casa, conforme explica a acadêmica Janaina Fagundes Falcioni, também do 3° ano. “Iniciamos com a brincadeira ‘Charada das frutas’, em que uma caixa surpresa foi utilizada para gerar curiosidade e expectativa entre os alunos. Alguns estudantes foram convidados a retirar cartões com dicas sobre algumas frutas. Após a leitura das pistas, os outros colegas levantavam a mão para adivinhar qual fruta estava sendo descrita. A atividade despertou o interesse e a participação de todos”.
Ao fim da brincadeira, foi proposto um desafio degustativo. “Servimos um brigadeiro saudável, feito com banana, cacau e leite em pó, sem açúcar. Após a degustação, as crianças foram incentivadas a adivinhar os ingredientes presentes no doce”, afirma.
De acordo com a professora responsável pelos estágios, Janaina Reisdorfer, essa é uma oportunidade para que o acadêmico tenha uma experiência mais aprofundada da profissão. “O aluno coloca em prática conteúdos estudados nas disciplinas de nutrição em coletividade, segurança alimentar, planejamento de cardápios, microbiologia dos alimentos e educação nutricional, também consegue entender como é o gerenciamento de uma grande unidade de alimentação: compra de insumos, distribuição para as escolas e preparo dos cardápios com características nutricionais para cada faixa etária”.
Para ambas as acadêmicas, o estágio é essencial. “Uma das coisas mais importantes que eu aprendi nos estágios, foi que por mais que no papel tudo seja perfeito, na maioria das vezes na prática não é assim. Temos que aprender a lidar com cada caso de forma coerente, porém sempre temos que ter em mente a individualidade de cada caso”, destaca Michele.
Para Falcioni, a experiência foi enriquecedora. “Um dos pontos mais importantes desse estágio, foi a responsabilidade social e educativa que o nutricionista possui dentro do setor de alimentação escolar, que vai muito além de elaborar cardápios, ela envolve garantir a segurança alimentar e promover hábitos saudáveis abrangendo as necessidades de cada faixa etária e respeitando as particularidades socioeconômicas e culturais”.